O coordenador do BE, Francisco Louçã, perguntou hoje a José Sócrates, Passos Coelho e Paulo Portas se estes “não sabem o que é que assinaram”, reagindo às diferenças entre a versão preliminar e final do acordo de ajuda externa.
O Ministério das Finanças confirmou hoje à Lusa que existem "ajustamentos pontuais" entre a versão preliminar do texto e a versão final do acordo, apresentado no Ecofin a 17 de maio.
No discurso do comício desta noite, em Leiria, Francisco Louçã afirmou que “hoje à noite, de repente, aquele contrato, que é tão a sério, parece que ninguém o conhece”.
“Se alguém chegasse a Portugal agora para uma visita - um emigrante que venha da Suíça à sua terra – até pode suspeitar que a troika é um grupo de rock que vem cantar para o Festival da Zambujeira do Mar”, ironizou.
O líder do Bloco de Esquerda relatou que se ouviu “o Dr. Passos Coelho, o Dr. Paulo Portas e até o Eng. Sócrates a dar umas explicações”.
“Afinal há um documento e há outro documento. Eles não são bem iguais. Não sabemos bem de que se trata um e outro. E eu quero perguntar: então não sabem o que é que assinaram?”, questionou.
Louçã foi mais longe: “será que a campanha tem mesmo que recomeçar de novo, vamos voltar aos debates para que eles, uma vez, nos possam falar daquilo que assinaram?”.
O cabeça de lista do BE por Lisboa explicou que “o documento que foi traduzido para português tem uma versão de 3 de maio e uma versão de 17 de maio e as duas não são exatamente iguais”.
“O que é espantoso é que, de dia 17 de maio até agora, passaram quase duas semanas e os partidos que assinaram, para que Portugal se comprometesse e ficasse agarrado àquela proposta, vêm agora com cara de caso dizer: não, não! Nós não conhecemos bem o texto”, continuou em tom irónico.
E Louçã avisou que os líderes dos três partidos que assinaram o acordo com a troika “vão fingir que não é nada com eles”.
“Põem a sua cara de missa do sétimo dia para acabar com o direito dos trabalhadores a uma indemnização justa pelo despedimento, querem arrastar o país para acabar com o apoio aos desempregados, querem facilitar os despedimentos”, criticou.
Lusa
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